Aqui vai minha experiência de vida fora do Brasil. Sir Matthew Hale, um jurista inglês do século 17 disse: “O navio empreendeu uma viagem tão demorada que ao final, cada uma de suas partes havia apodrecido, tendo sido substituída por outra. As cordas, as velas, a âncora e até mesmo o casco de madeira não eram mais os mesmos após o seu retorno." A pergunta é: é o mesmo navio de sua origem ou é outro completamente diferente? Essa resposta você encontra aqui, entre as linhas deste texto. Te convido agora a pegar este navio e entrar nessa viagem comigo!
Nunca fui tão brasileiro
Nunca aprendi tanto do Brasil uma vez estando fora dele. Como diz o dito: "Se você quer ter uma visão melhor do vale, vá para a montanha; e se você quer ter uma visão melhor da montanha, vá para o vale". Pois bem, vim à Europa, e descobri então a tamanha diversidade brasileira e suas qualidades.
Vi e ouvi. Vi todo um país e não mais uma São Paulo. Vi mudanças de governos. Vi problemas persistirem. Mas vi também um país em crescimento! Na Italia ouvi pessoas do Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro, Curitiba, Rio Grande di Sul, etc. Cada uma dessas me trouxe e ensinou um pedacinho do Brasil e sua realidade. Nunca ouvi tanto de um Brasil como antes! Minha visão para com o Brasil mudou. Meu modo de falar sobre ele mudou.
Hoje tenho orgulho de vestir a camisa com o mapa de São Paulo, que minha irmã Cintya me deu de presente (para eu ter mais saudade da minha pátria, e conseguiu)!
Tenho orgulho de sair com a camisa do Brasil. Fora do país, praticamente todos querem bem o Brasil. Descobri que o Brasil não é apenas o país do futebol e do carnaval, mas também da alegria, da força de vontade, da capacidade de dar a volta por cima, da criatividade, do carinho e do abraço. O brasileiro consegue se moldar a quase todas as culturas e ainda por cima ser o sal delas, dando um gostinho especial na comunidade por onde passa.
Resumindo, eu praticamente nunca tinha saído de São Paulo, mas hoje reconheço as tantas qualidades do meu país, que é maior do que pensamos! Foi necessário sair do Brasil para descobri-lo. "E vi que é bom".
Meu São Paulo
Nunca dei valor para as tantas coisas que têm em São Paulo. Museus, teatros, arte, restaurantes, shoppings, parques, faculdades, cursos, igrejas, organizações. Cá entre nós, São Paulo é mais primeiro mundo do que muitas cidades da Europa. Isso eu vi e vivi.
Quando cheguei na Italia, foi tudo um mar de rosas. Tudo era motivo de fotos e novidades. Mas o tempo revelou que viver é muito diferente que visitar. Depois que todas as fotos são tiradas e que a paisagem torna rotina, você percebe as faltas da cidade. Em alguns lugares falta o teu arroz e feijão de cada dia, em outros lugares falta a multidão, em outros os shoppings centers, em outros a educação. Você nunca encontrará o teu São Paulo ou o teu Brasil, fora do Brasil.
Nunca fui tão globalizado
Parece um equivoco dizer ser mais brasileiro e ao mesmo tempo mais globalizado, mas é a realidade. Hoje conheço melhor a realidade de muitos países e conheci gente de lugares que nunca ouvi falar. Conheci gente da Rússia, Zimbábue, África do Sul, Camarões, Moçambique, México, França, Portugal, Albânia, Romênia, Áustria, Suíça, Sri Lanka, Colômbia, Filipinas, EUA, Grécia, Argentina, Alemanha, Polônia, China e Espanha. Na Europa você encontra gente de tudo quanto é canto. Quanto mais nos aproximamos das grandes capitais, mais ouvimos gente falando a a tua mesma madre língua, entre outras que você nao tem nem idéia que língua é.
O interessante é ver o que acontece quando você interage com essas diferentes culturas, línguas, religiões e tradições. É sem dúvida um aprendizado. E me orgulho em dizer que o brasileiro é um dos que mais consegue interagir bem com qualquer uma das culturas. Muitos estrangeiros constroem guetos étnicos, vivendo muito entre si. Por outro lado os brasileiros nao têm medo de "dar as caras" e se envolver no meio do povo desconhecido. O brasileiro aprende a língua, encontra trabalho no meio deles, se envolve com a sociedade e ainda por cima, completa as faltas da comunidade em que esta relacionado. Digo isto pois nem todos os países agem assim.
Aqui deixo uma frase globalizada: "Quem gosta do seu país é bom, quem gosta de todos os países é melhor e quem está em exílio no mundo é perfeito!"
Línguas
Desde que cheguei na Itália me inscrevi para o curso de italiano para estrangeiros. estudei até o último nível, que segue a ordem A0, A1, A2, B1, B2, C1 e C2. Conheci muitos estrangeiros e suas realidades. Além do italiano, fiz aulas de inglês, francês e chinês. Pois é, eu gosto de línguas, bem como ler e escrever!
Sobre os idiomas, aprendi que falar 100% uma segunda língua é impossível. Basicamente porque a tua raiz não é aquela. Você pode aprender toda a gramática e literatura daquela língua, isso é possível, mas o teu modo de se expressar sempre penderá à tua língua madre. Digo isto no âmbito da pronuncia, da expressão corporal e do modo de construir a tua linguagem. Muitos anos podem passar, mas sempre haverá algo na tua língua para consertar.
Milagres
Me deram um carro, um Panda, ano 91. Me deram uma bicicleta. Me ofereceram uma casa para morar. Me colocaram num grupo para tocar bateria. Me deram um outro carro, um Ypsilon, ano 97. Me deixaram estudar italiano, ingles, francês e chinês. Quanto gastei com tudo isso? Praticamente nada! Me deram! Milagres! Bateram na minha porta e deram! Vieram até a mim e deram! Jamais pedi, muito menos insisti, simplesmente me ofereceram! Milagres! Alguns gastam milhares para tirar a cidadania; eu não gastei centenas.
Mas vejo uma razão em tudo isso. Vejo a mão de Deus guiando um servo que vive pela fé, confiante na provisão do seu Deus, que nunca o deixará na mão. Agora, após tudo isso, eu posso dizer com a boca cheia: eu vivi pela fé, ou melhor, eu vivo pela fé! Aprendi a planejar muito, mas sem me preocupar com o amanhã. Aprendi a esperar em Deus. Ele garante o meu sustento e futuro.
Vitórias
Isso eu tenho que compartilhar! Encontrei uma igreja e um povo que serve ao Senhor. Consegui uma casa. Encontrei um grupo que necessitava de um baterista e líder de jovens e adolescentes. Encontrei um trabalho como consultor de seguros. Aprendi a língua italiana e iniciei a aprender francês, ingles e chinês. Escrevi duas peças de teatro em italiano. Adquiri o Certificado de Língua Italiana da Universidade de Siena, nível B1. Depois adquiri o mesmo certificado no nível C1. Tirei a cidadania italiana. Conheci meus parentes. Tirei a parente européia. Iniciei um grupo de estudos bíblicos toda semana no centro da cidade. Conheci novas pessoas e fiz muitas novas amizades. Dei inicio a um novo grupo de louvor na igreja. Realizei cinco acampadentros entre crianças e adolescentes. Discipulei cerca de 10 adolescentes e 5 pré-adolescentes. Dei inicio ao primeiro Culto das Crianças na igreja. Aprendi a viver só, cuidar da casa, cozinhar e se virar sozinho. E para mim a maior vitória foi ter sido um instrumento na mão de Deus para fazer tantas outras pessoas se aproximarem mais do reino de Cristo, o meu Rei. E do mesmo modo, uma grande vitória foi poder eu mesmo me aproximar ainda mais do Seu Reino! Nunca mais me esquecerei!
Conclusões
Eu mudei. Agora não sou mais o mesmo Glauber Destro. Assim como o navio teve que trocar todas suas peças durante a sua viagem, assim também o fiz. Mudei o trabalho e modo de trabalhar. Mudei o ambiente que vivo. A escola. A igreja. A casa. O corte de cabelo. a alimentação. As amizades. Eu que era um simples jovem, me vi então na situação de pai, tendo que trabalhar para sobreviver e suprir as necessidades da casa; me vi como mãe doméstica, tendo que cuidar da casa, da roupa, da comida; e me vi como filho, aquele que bagunça a casa toda, pra depois limpar. Me tornei então responsável em várias áreas.
Aprendi também a respeitar mais aos outros. Aprendi a olhar a todos como igual, em vez de estereotipar. Aprendi a dar mais valor pela minha família, pelo o que tenho hoje e pelo o que sou. E desaprendi tantas coisas e jeitos errados que eu fazia.
Tomei passos na minha vida que não posso mais tornar atrás. Não conseguiria mais viver como antes. Por isso não posso deixar de dizer que, mais do que antes, agora ainda mais na minha vida o viver é Cristo. Para mim, ser relevante é uma vida que faz os homens verem Cristo. Ainda tenho muito para aprender e falta muito para espelhar a Cristo. Mas do pouco de Cristo que tenho e vivo, já sou feliz. Mesmo se meus caminhos tivessem sido fracassados, mesmo se a "sorte" não pendesse para mim, ainda assim seria feliz, pois o que importa a mim não é a minha auto-satisfação ou a relevância de uma boa imagem exterior (aos homens), mas sim a satisfação de viver Cristo em mim, a intenção de revelar Cristo ao mundo e exaltá-lo. Aprendi que o melhor lugar para se estar no mundo é no centro da vontade de Deus. Que a minha história continue sendo Cristo. Que Cristo continue sendo a minha história por onde eu passar.
Glauber Destro
Nunca fui tão brasileiro
Nunca aprendi tanto do Brasil uma vez estando fora dele. Como diz o dito: "Se você quer ter uma visão melhor do vale, vá para a montanha; e se você quer ter uma visão melhor da montanha, vá para o vale". Pois bem, vim à Europa, e descobri então a tamanha diversidade brasileira e suas qualidades.
Vi e ouvi. Vi todo um país e não mais uma São Paulo. Vi mudanças de governos. Vi problemas persistirem. Mas vi também um país em crescimento! Na Italia ouvi pessoas do Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro, Curitiba, Rio Grande di Sul, etc. Cada uma dessas me trouxe e ensinou um pedacinho do Brasil e sua realidade. Nunca ouvi tanto de um Brasil como antes! Minha visão para com o Brasil mudou. Meu modo de falar sobre ele mudou.
Hoje tenho orgulho de vestir a camisa com o mapa de São Paulo, que minha irmã Cintya me deu de presente (para eu ter mais saudade da minha pátria, e conseguiu)!
Tenho orgulho de sair com a camisa do Brasil. Fora do país, praticamente todos querem bem o Brasil. Descobri que o Brasil não é apenas o país do futebol e do carnaval, mas também da alegria, da força de vontade, da capacidade de dar a volta por cima, da criatividade, do carinho e do abraço. O brasileiro consegue se moldar a quase todas as culturas e ainda por cima ser o sal delas, dando um gostinho especial na comunidade por onde passa.
Resumindo, eu praticamente nunca tinha saído de São Paulo, mas hoje reconheço as tantas qualidades do meu país, que é maior do que pensamos! Foi necessário sair do Brasil para descobri-lo. "E vi que é bom".
Meu São Paulo
Nunca dei valor para as tantas coisas que têm em São Paulo. Museus, teatros, arte, restaurantes, shoppings, parques, faculdades, cursos, igrejas, organizações. Cá entre nós, São Paulo é mais primeiro mundo do que muitas cidades da Europa. Isso eu vi e vivi.
Quando cheguei na Italia, foi tudo um mar de rosas. Tudo era motivo de fotos e novidades. Mas o tempo revelou que viver é muito diferente que visitar. Depois que todas as fotos são tiradas e que a paisagem torna rotina, você percebe as faltas da cidade. Em alguns lugares falta o teu arroz e feijão de cada dia, em outros lugares falta a multidão, em outros os shoppings centers, em outros a educação. Você nunca encontrará o teu São Paulo ou o teu Brasil, fora do Brasil.
Nunca fui tão globalizado
Parece um equivoco dizer ser mais brasileiro e ao mesmo tempo mais globalizado, mas é a realidade. Hoje conheço melhor a realidade de muitos países e conheci gente de lugares que nunca ouvi falar. Conheci gente da Rússia, Zimbábue, África do Sul, Camarões, Moçambique, México, França, Portugal, Albânia, Romênia, Áustria, Suíça, Sri Lanka, Colômbia, Filipinas, EUA, Grécia, Argentina, Alemanha, Polônia, China e Espanha. Na Europa você encontra gente de tudo quanto é canto. Quanto mais nos aproximamos das grandes capitais, mais ouvimos gente falando a a tua mesma madre língua, entre outras que você nao tem nem idéia que língua é.
O interessante é ver o que acontece quando você interage com essas diferentes culturas, línguas, religiões e tradições. É sem dúvida um aprendizado. E me orgulho em dizer que o brasileiro é um dos que mais consegue interagir bem com qualquer uma das culturas. Muitos estrangeiros constroem guetos étnicos, vivendo muito entre si. Por outro lado os brasileiros nao têm medo de "dar as caras" e se envolver no meio do povo desconhecido. O brasileiro aprende a língua, encontra trabalho no meio deles, se envolve com a sociedade e ainda por cima, completa as faltas da comunidade em que esta relacionado. Digo isto pois nem todos os países agem assim.
Aqui deixo uma frase globalizada: "Quem gosta do seu país é bom, quem gosta de todos os países é melhor e quem está em exílio no mundo é perfeito!"
Línguas
Desde que cheguei na Itália me inscrevi para o curso de italiano para estrangeiros. estudei até o último nível, que segue a ordem A0, A1, A2, B1, B2, C1 e C2. Conheci muitos estrangeiros e suas realidades. Além do italiano, fiz aulas de inglês, francês e chinês. Pois é, eu gosto de línguas, bem como ler e escrever!
Sobre os idiomas, aprendi que falar 100% uma segunda língua é impossível. Basicamente porque a tua raiz não é aquela. Você pode aprender toda a gramática e literatura daquela língua, isso é possível, mas o teu modo de se expressar sempre penderá à tua língua madre. Digo isto no âmbito da pronuncia, da expressão corporal e do modo de construir a tua linguagem. Muitos anos podem passar, mas sempre haverá algo na tua língua para consertar.
Milagres
Me deram um carro, um Panda, ano 91. Me deram uma bicicleta. Me ofereceram uma casa para morar. Me colocaram num grupo para tocar bateria. Me deram um outro carro, um Ypsilon, ano 97. Me deixaram estudar italiano, ingles, francês e chinês. Quanto gastei com tudo isso? Praticamente nada! Me deram! Milagres! Bateram na minha porta e deram! Vieram até a mim e deram! Jamais pedi, muito menos insisti, simplesmente me ofereceram! Milagres! Alguns gastam milhares para tirar a cidadania; eu não gastei centenas.
Mas vejo uma razão em tudo isso. Vejo a mão de Deus guiando um servo que vive pela fé, confiante na provisão do seu Deus, que nunca o deixará na mão. Agora, após tudo isso, eu posso dizer com a boca cheia: eu vivi pela fé, ou melhor, eu vivo pela fé! Aprendi a planejar muito, mas sem me preocupar com o amanhã. Aprendi a esperar em Deus. Ele garante o meu sustento e futuro.
Vitórias
Isso eu tenho que compartilhar! Encontrei uma igreja e um povo que serve ao Senhor. Consegui uma casa. Encontrei um grupo que necessitava de um baterista e líder de jovens e adolescentes. Encontrei um trabalho como consultor de seguros. Aprendi a língua italiana e iniciei a aprender francês, ingles e chinês. Escrevi duas peças de teatro em italiano. Adquiri o Certificado de Língua Italiana da Universidade de Siena, nível B1. Depois adquiri o mesmo certificado no nível C1. Tirei a cidadania italiana. Conheci meus parentes. Tirei a parente européia. Iniciei um grupo de estudos bíblicos toda semana no centro da cidade. Conheci novas pessoas e fiz muitas novas amizades. Dei inicio a um novo grupo de louvor na igreja. Realizei cinco acampadentros entre crianças e adolescentes. Discipulei cerca de 10 adolescentes e 5 pré-adolescentes. Dei inicio ao primeiro Culto das Crianças na igreja. Aprendi a viver só, cuidar da casa, cozinhar e se virar sozinho. E para mim a maior vitória foi ter sido um instrumento na mão de Deus para fazer tantas outras pessoas se aproximarem mais do reino de Cristo, o meu Rei. E do mesmo modo, uma grande vitória foi poder eu mesmo me aproximar ainda mais do Seu Reino! Nunca mais me esquecerei!
Conclusões
Eu mudei. Agora não sou mais o mesmo Glauber Destro. Assim como o navio teve que trocar todas suas peças durante a sua viagem, assim também o fiz. Mudei o trabalho e modo de trabalhar. Mudei o ambiente que vivo. A escola. A igreja. A casa. O corte de cabelo. a alimentação. As amizades. Eu que era um simples jovem, me vi então na situação de pai, tendo que trabalhar para sobreviver e suprir as necessidades da casa; me vi como mãe doméstica, tendo que cuidar da casa, da roupa, da comida; e me vi como filho, aquele que bagunça a casa toda, pra depois limpar. Me tornei então responsável em várias áreas.
Aprendi também a respeitar mais aos outros. Aprendi a olhar a todos como igual, em vez de estereotipar. Aprendi a dar mais valor pela minha família, pelo o que tenho hoje e pelo o que sou. E desaprendi tantas coisas e jeitos errados que eu fazia.
Tomei passos na minha vida que não posso mais tornar atrás. Não conseguiria mais viver como antes. Por isso não posso deixar de dizer que, mais do que antes, agora ainda mais na minha vida o viver é Cristo. Para mim, ser relevante é uma vida que faz os homens verem Cristo. Ainda tenho muito para aprender e falta muito para espelhar a Cristo. Mas do pouco de Cristo que tenho e vivo, já sou feliz. Mesmo se meus caminhos tivessem sido fracassados, mesmo se a "sorte" não pendesse para mim, ainda assim seria feliz, pois o que importa a mim não é a minha auto-satisfação ou a relevância de uma boa imagem exterior (aos homens), mas sim a satisfação de viver Cristo em mim, a intenção de revelar Cristo ao mundo e exaltá-lo. Aprendi que o melhor lugar para se estar no mundo é no centro da vontade de Deus. Que a minha história continue sendo Cristo. Que Cristo continue sendo a minha história por onde eu passar.
Glauber Destro
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